A digitalização da economia e da vida das pessoas já vinha impondo grandes transformações à educação, mas a pandemia tornou esse processo ainda mais rápido e urgente.
As aulas à distância ganharam força, assim como o uso de mais recursos tecnológicos e o desenvolvimento de novas habilidades e, apesar do retorno mais disseminado das atividades presenciais em 2022, muito do que foi aprendido e experimentado tende a perdurar.
Para quem planeja investir neste mercado – que continua bastante atraente e com oportunidades –, fica então a pergunta: quais são as principais tendências em educação para 2022, frente a um cenário ainda bastante instável?
A pesquisa “Jovem de Futuro”, realizada pelo Datafolha, sob encomenda do Instituto Unibanco, com pessoas com idade acima de 16 anos de várias classes sociais em 129 municípios do Brasil, dá algumas boas dicas.
Por exemplo, o estudo mostrou que as pessoas veem como papel principal da educação “ter conhecimento”. Além disso, a maioria dos entrevistados acredita que a educação contribui para que as pessoas estejam preparadas para respeitar direitos e deveres e, ainda, que a educação tem papel importante para reduzir as desigualdades e diminuir a violência.
Ao comentar estes resultados, Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco, destacou que entender a percepção das pessoas sobre o papel e a importância da educação é uma grande ajuda para os gestores e profissionais da área definirem prioridades para os próximos anos.
Outra preocupação dos pais na busca pelo ensino de qualidade é “conseguir um emprego”. Uma das principais habilidades para preencher esse requisito no mundo globalizado de hoje é bilinguismo.
“A alfabetização numa segunda língua não traz apenas o benefício da comunicação em outro idioma. Juntamente com a proficiência na língua estrangeira, o jovem adquire outras habilidades tais como: pensamento de forma mais ampla, resolução de problemas e fácil adaptação e respeito a outras culturas. Estas habilidades fazem a ponte para um mercado global promissor”, ressalta Cristina Albernaz, diretora da Maple Bear Brasília Asa Norte.
O foco em habilidades aplicáveis ao mundo real (Real Skills) para quaisquer desafios que surjam; ter um diploma válido para o mundo todo; mais humanização e aprendizagem personalizada em ensino híbrido, uma vez que a tecnologia tem papel marcante, mas vai sempre necessitar do humano, são outras tendências em educação para 2022 apontadas por Kleberson Massaro Rodrigues, gerente de Educação do ISAE Escola de Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ao analisar o que deve prevalecer como novos rumos da educação nos próximos anos, ele explica que o que era esperado no futuro, na verdade, já está acontecendo: aulas mediadas por tecnologia, dando novas formas para a prática educativa e transformando as perspectivas de aprendizagem. Cada vez mais, segundo Rodrigues, alunos e professores, além da comunidade do entorno, passarão por curvas de aprendizagem rumo a essas novas habilidades.
Tecnologia tem papel central nas tendências de educação em 2022
Em paralelo, outro fator que tem grande relevância nos novos caminhos da educação são as inovações tecnológicas que já estão em andamento e devem se intensificar ainda mais.
É o que mostra a pesquisa “Educação – Tendências, Cenários e Temas”, feita pela consultoria Vozes da Educação e a Cartello Inteligência de Mercado, para o Movimento LED – Luz na Educação. Entre as macro tendências levantadas destacam-se:
- Expansão do ensino técnico profissional - Com a presença maior de máquinas e automação, a necessidade das corporações agora é por habilidades como matemática, ciências, lógica e criatividade.
- Educação para a vida (Lifelong Learning) – Com o constante avanço da ciência, é necessária uma atualização constante, ainda mais se levarmos em consideração que a expectativa de vida da população aumentou.
- Formação de professores com novas habilidades não apenas pedagógicas, mas também tecnológicas.
Essas grandes tendências incluem em si alguns desdobramentos que merecem atenção dos empreendedores da área, por exemplo: desenvolvimento de competências socioemocionais; necessidade de viabilização de ensino híbrido; demanda por novos conteúdos e novas formas de aprendizagem, entre outros.
Inovação na Prática e novos players
Toda essa efervescência na educação atraiu a atenção das startups.
Um mapeamento neste segmento feito pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) mostra que há no País mais de 460 startups em atividade e que os nichos de maior destaque no momento têm ligação com educação. São eles: educação corporativa, capacitação profissional, formação tecnológica e vestibular e concursos.
De acordo com o estudo, as startups na área de educação devem também seguir a trilha de importantes revoluções tecnológicas recentes: Gameficação, Metaverso e Individualização do Ensino.
Acostumadas a um design dinâmico e estimulante dos games, os estudantes criaram essa expectativa em seus processos de aprendizagem para se manterem engajados e interessados.
O Metaverso também pode fazer uma revolução, pois pode inspirar a criação de ambientes virtuais de aprendizado e interação para a comunidade escolar.
Na mesma linha, o desenvolvimento de produtos e serviços cada vez mais individualizados pelas empresas deve estimular famílias e alunos a buscarem experiências de aprendizado também muito customizadas.
Desta forma, a atuação das startups, juntamente com os grandes grupos empresariais, tende a acelerar ainda mais a evolução do setor.
Não por acaso, escolas como a Maple Bear desenvolveram projetos especiais para seus alunos nesta área. A rede criou um programa de cunho cultural e empreendedor que proporcionou uma jornada de formação digital com foco em inovação para criação de projetos reais de startups. Os alunos tiveram contato com profissionais do mercado como fundadores de startups, investidores anjos e diretores de inovação de empresas e, ao final do processo, 9 delas foram selecionadas como promissoras.
As tendências para educação em 2022 apontam, portanto, para a busca e implantação de inovação tecnológica dentro das escolas, mas sempre com foco no fator humano como centro das decisões de gestão. Os equipamentos, softwares ou aplicativos são importantes, mas desde que estejam sempre trabalhando em prol das pessoas.
Dessa forma, o aprendizado constante pode ser alicerçado em recursos tecnológicos que tornam o processo mais dinâmico e atraente; a formação profissional constante e focada na realidade e necessidade das pessoas poderá ser feita presencialmente ou à distância, com simuladores e softwares para dar treinamentos mais sofisticados, uma vez que a tecnologia tem amplas possibilidades de aplicação e, por fim, o aperfeiçoamento dos recursos humanos que trabalham com educação também poderá ser feito de forma mais interativa e personalizada para a realidade de cada estabelecimento educacional.